quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O Arquiteto

Em sua plenitude
Com traços esboçados
Erigiu uma catedral 
E lá incluiu símbolos incríveis
A Rosa, pontos cardeais
E os ventos, para levar os sedentos
Emaranhados com teias de aranha
À senda do perdido conhecimento


O Incriado
Elevou sua criação
Para os que não tem compreensão
E aliviados ficaram ao observar
Que para a sua não compreensão
Há uma proporção, Universal...


Embora não compreendessem as equações em 
sua plenitude
Sentiam em seus corações
O sagrado, manifestado
Emergindo através dos cálculos

Que é assim tão somente só
o pelo afresco que é belo
Que revela as virtudes
Contendo também seus defeitos
Mas sim pela força motriz
Impressão de toda a matriz
Que tem uma espécie de chave
Que revela uma espécie de código
Que sussurra uma espécie de segredo
Que é sentido à flor da pele
Que é a manifestação do todo
Esboçado em toda a criatura


O Arquiteto continua desenhando 
Da maneira que só ele sabe
O reflexo do espelho que se prostra à sua frente
Respeitando as medidas da sua face
E as leis do compasso e da quadratura
A catedral e a sagrada criatura.

Tempestade

Por quê a calmaria não te leva 
Onde o vento leva quando venta treva?
Vento que não espera
Te leva para o outro lado esse ventar
 Que não se sabe ao certo
O espaço onde vai dar

Vida nova, trova louca
Tempestade boa pra se molhar
Brisa que deixa torpe o corpo
Deseja se molhar mais um pouco
E sempre é tão pouco que
Parece nunca se ensopar
Falta água, falta vento, falta trovão
Falta tempestade e um raio pra eletrocutar!

Por quê a calmaria não te leva
Onde você deve chegar?
Quando tudo é tão calmo demais
E se engana a visão
Quando nada acontece 
E ao cair da noite fica a impressão
de dia sonhado e não vivido?

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Rotina

Não tenho criatividade
Não tenho tempo pra pensar
Não tenho como resumir
São muitas as palavras que viajam por aqui
São mudas e reservadas
São mútuas e não dizem nada
A propósito, a reserva de sexta à noite
Quem cancelou do calendário?
A rotina cansa e a gente já não lembra
Quem desmarcou ou viajou a trabalho

Se eu pudesse parar o tempo
No meio da semana
Pra ficar com você
Pra virar final de semana
E amanhã ser domingo
E não ter conversa
Que amanhã é outro dia
E que segunda-feira vai chegar

Não tenho paciência
Não tenho tempo pra criar
Uma rotina diferente
Um ditado novo pra citar
Se fosse confidencial
Pra você eu contaria
Qual é o meu dia predileto
E resumir as várias palavras
Quando a gente conversar
Mas a rotina cansa e a gente já não lembra
Quando a gente conversou
Ou se deixou de conversar.

Sebo

O prazer
Só não foi maior ao abrir com minhas grotescas mãos
O velho-novo livro recém comprado
Pois não era mais virgem.

Inevitavelmente


 Inevitavelmente
Nada se cria, tudo se copia  
Aleatoriamente
Tudo se escolhe
E assim se colhe o fruto de cada dia.

Inevitavelmente
 Nada se evita
Invariavelmente
Tudo varia
 E assim se escolhe
De tudo um pouco da vida.

Mas que nunca varie a invariável
De passar na sua rua, todos os dias
Ao caminho do trabalho, ao caminho de casa,
Ao caminho do nada
Inevitável que não varie a decisão aleatória
De ler em seus textos, você, prosa colorida.

Inevitavelmente nada se cria
O meu amor piegas é!
Tudo se perde
 No exercício da não-escrita se pensar que invaria o já existente
Tudo se transforma com o olhar estrangeiro
Tudo se copia colando do colega alheio
Hei de felizes sermos pra sempre!
E reinventarmos todos os dias o amor!
E lembre-se:
Sempre há uma primeira vez, vinda do coração.





terça-feira, 27 de maio de 2014

Instante

Na Mooca a garota em seu mocassim
Em um vestido de cetim
Envolta em um mocha, um livro e um folhetinho que dizia assim:
"Contrata-se garçonete sem experiência
Mas que sirva xícaras de café com bastante destreza,
Com bastante eficiência"...

E entra o garoto de camisa xadrez 
Que pede uma xícara de chá inglês
Olha pra trás e se encanta com a timidez
Da garota que se levanta apressada
E que esbarra em alguém e esparrama também
Um tiro certeiro à queima-roupa
E o tecido manchado da camisa do rapaz encabulado...

E a garota envergonhada procurando o caminho da calçada
E as gotas de chuva que embalam os vidros das janelas
E o rapaz pensando nela mal sabe que nunca mais a verá
A garota que saiu de casa e não estava preparada
Para se molhar...

Entra aqui que o mundo fica lá fora
São Paulo é tão frio (em seus jardins de) no' inverno
E a garoa da garota que nunca para de cair
E a garota sem emprego que não sabe para onde ir
 Bibliotecas vazias, bares lotados
E nos becos da cidade
Rumores de um casal apaixonado;

E nos becos da cidade
Rumores de um casal apaixonado...



sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mudança

A mudança muda, estranha
E inunda de insegurança
A cabeça de uma criança

O pesadelo irá te acordar
Se você deixar e se assim for
Sopre pra longe o que te acordou

O caminhão está chegando
Encaixote tudo, o máximo que puder
E decore a nova casa
Com o prazo que tiver!

Compre um cachorro de verdade
Daqueles que duram até a terceira idade
Abra uma poupança pros seus filhos
Pra faculdade, pros livros

Abra o jornal, passe o café 
Mergulhe na grama os seus pés
Escreva um livro
Leve seus netos ao estádio todo Domingo

O avião está chegando
Encaixote tudo, o máximo que puder
E decore a nova casa
Com o prazo que tiver!